Alergia - Paulista perde a memória por causa de anestesia dentária - (Globo Reporter 1/8)
A bibliotecária Natal Luz teve ainda mais dois comas por causa de anestesias. Depois, vieram as reações à  mandioca e às frutas.


Paulista perde a memória por causa de anestesia dentária.

A bibliotecária Natal Luz teve ainda mais dois comas por causa de anestesias. Depois, vieram as reações à mandioca e às frutas.

As alergias podem vir pelo ar, podem estar naquilo que comemos. Algumas são passageiras. Outras, fatais. Podem nascer com a gente, mas, se aparecem quando já somos adultos, fica mais difícil nos livrarmos delas.

Não dá para saber quem vai ter a doença ou em que momento da vida ela pode bater a nossa porta, mas filhos de mãe ou pai alérgicos têm até 70% de risco de desenvolver alguma alergia.

Todos esses mistérios transformam médicos e cientistas em verdadeiros detetives. Nos laboratórios brasileiros, eles buscam novos tratamentos, atentos às pesquisas feitas pelo mundo.

Nos Estados Unidos, os casos de alergia alimentar cresceram 18% em apenas uma década. Quantas vezes você já ouviu dizer que alergia é "frescura"? Isso não é verdade. Esse é um problema para ser levado muito a sério.

A bibliotecária Natal Luz já levou muito susto nessa vida. Encontrou forças no caminho da espiritualidade. O álbum de fotos ajuda a contar o capítulo mais misteriosa da sua história de alergias. Aconteceu aos 22 anos.

A primeira reação alérgica grave que Natal teve foi à anestesia dentária, e ela acabou entrando em coma e voltou sem memória. “A infância sumiu, apagou totalmente. Eu vejo em álbum, mas para mim não representa nada. Sei que sou eu porque parece comigo”, conta.

A bibliotecária conta que tinha um noivo, mas que não se lembrava dele. “Ele dizia que era meu noivo. Eu não lembrava e terminei o noivado. Fui para o dentista e voltei sem noivo. Esqueci o noivo, esqueci os parentes, esqueci pai, esqueci mãe”, relata.

Foram mais dois comas por causa de anestesias, depois vieram as reações à mandioca e às frutas.

As histórias de alergia da bibliotecária Natal Luz são tão impressionantes que dariam um livro e tão estranhas que é preciso contar por capítulos. Em casa, a filha dela, a atriz Sayuri Luz, completa a lista de alimentos proibidos: “eu tenho medo de dar um treco nela e ela desmaiar. Ela desmaia se chupar laranja”.

Quase todas as frutas ácidas provocam reação, e ela vem forte com um alimento que essa filha de índia amava comer. “A mandioca incha a boca, incha a orelha e incha os dedos”, conta a bibliotecária. “Você ser criada podendo comer de tudo é um sonho. De repente, você vira e acabou. Eu não posso mais”.

O sangue de Natal e de mais sete pessoas que são alérgicas à mandioca está entrando para os livros de ciência. No Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração de São Paulo (InCor), ele é usado para desvendar entre as duas mil proteínas da mandioca quais são as que provocam alergia. A detetive é a bióloga Keity Santos, que já tem fortes suspeitas sobre como tratar o alérgico no futuro: “você vai tirar a sensibilização que ele tem usando só a proteína que causa a alergia nele. Você não precisa do resto, que na verdade pode até te atrapalhar”.

Mas para chegar lá o trabalho é duro: é preciso picar e amassar a mandioca como qualquer dona de casa e ficar feliz com coisas que só cientista entende: a reação do sangue do paciente com algumas proteínas da mandioca. “Agora, eu vou conseguir identificar quais são essas proteínas”, afirma a bióloga.

O alergista Fábio Castro, da Universidade de São Paulo (USP) explica como uma pessoa vai se tornando sensível a determinados alimentos ou a determinadas proteínas: “é muito importante a pessoa saber que nunca é na primeira vez que ela tem contato com aquilo, porque a gente tem o chamado período de sensibilização. Em um próximo contato, pode ser o segundo ou o décimo, você pode desencadear a reação. As pessoas normalmente procuram as coisas diferentes e, muitas vezes, a alergia está nas coisas comuns do seu dia a dia”.

O leite lidera a lista dos alimentos que mais provocam alergias. Depois vêm o ovo, o trigo, a soja, o amendoim, as nozes e os frutos do mar. E, no mundo inteiro, as listas vão aumentando, ganhando produtos exóticos, por conta da globalização estamos importando e exportando alergias.

“O kiwi que era uma coisa que a gente não tinha tem muitos casos de alergia”, afirma a bióloga Keity Santos.

“Eu ando vendo alguns casos importantes de alergia a gergelim, nenhum deles com reações leves, todos com reações graves, incluindo choques anafiláticos e potencialmente letais”, destaca a pediatra Renata Cocco.
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