Setor cultural - Galerias e ateliês movimentam mercado de arte em São Paulo.
Em São Paulo, empresários lucram com o setor cultural.
Galerias e ateliês movimentam mercado de arte em São Paulo.

A cidade conta com mais de 150 ruas temáticas e mais de 170 galerias.

Além das obras, os espaços oferecem exposições e cursos.

Em São Paulo, empresários lucram com o setor cultural. A cidade tem bairros que concentram galerias e ateliês de arte. Os espaços oferecem exposições, cursos e movimentam o mercado da arte.

Comprar ou vender uma obra de arte, hoje, no Brasil já não é tão complicado. A conseqüência é o crescimento no número de galerias e ateliês pelo país. Só a cidade de São Paulo conta com mais de 150 ruas temáticas e mais de 170 galerias.

O bairro dos Jardins concentra as mais badaladas. Entre 138 quadras se espalham mais de 50 galerias de arte. Mas no bairro da Vila Madalena, com seus muros grafitados, livrarias e bares agitados, que se concentram galerias e ateliês de arte desde a década de 80.

No meio da efervescência, surgem os artistas e seus ateliês de moda e arte. São mais de 100 em todo o bairro. Em um deles, a arte está nas cerâmicas. São peças para decoração feitas pela artista plástica Caroline Lamaita. “Comecei tímida, não tinha torno, forno. Era mais modelagem. Depois vi que tinha retorno e era isso mesmo que eu ia trabalhar”, diz.

O ateliê foi aberto em 2007, com investimento de R$ 30 mil. Tudo começa na modelagem da argila. É preciso ter sensibilidade e muita concentração. “A paciência, a tranqüilidade de você não subir com sua mão mais rápido do que o torno. Não tirar a sua mão do centro”, explica Caroline.

A artista faz cerca de 300 peças por mês entre vasos, canecas, xícaras e outros objetos de decoração. Ela vende para lojistas e também em feiras. O faturamento médio é de R$ 8 mil reais por mês. Outra fonte de renda vem das aulas que a artista ministra em seu ateliê.

Novo polo de arte
Na Barra Funda, na zona oeste da cidade, está o novo polo de arte em São Paulo. O bairro que no passado tinha uma grande produção industrial, agora virou endereço das galerias que invadiram os antigos galpões. Artistas novos e consagrados investem na arte popular. Só em um quarteirão existem quatro ateliês e muitos outros já começam a se espalhar por todo o bairro.

A região industrial foi descoberta pelo mercado imobiliário e agora, além de atrair moradores, chama a atenção de empresários interessados em investir em cultura e negócios. Os artistas Carlos Pedreañez e Flávio Lima contam porque aprovaram o novo espaço.

“Ele está perto do centro e de alguns bairros importantes, estratégicos. Você tem materiais perto para você trabalhar”, explica Pedreañez. “A arte precisa, realmente, encontrar lugares que ela possa ter força e expressão”, diz Lima.

Em Pinheiros, também na zona oeste da cidade, um rua calma esconde um tesouro. Por trás de uma enorme porta de ferro está uma galeria de arte. São três andares interligados por escadas de ferro entre paredes de tijolos e enormes bonecos de madeira. Quem construiu foi a colecionadora e empresária Vilma Eid. “Quando surgiu a venda desse galpão eu achei que era um excelente negócio também pra montar a galeria porque aqui já se mostrava ser um pólo cultural que hoje é, de fato”, diz.

A empresária investiu R$ 3 milhões para montar a galeria. São 2.500 peças, estimadas em mais de R$ 2 milhões. São pinturas, esculturas, fotos e xilografias de artistas brasileiros. Para o consultor em Nilson Hashizumi, a galeria foge do comum graças a uma estratégia bem sucedida. A empresa fatura R$ 1,6 milhão com a venda de mais de 200 peças por ano.

“Quando você se especializa, (...) vai conseguir criar um círculo virtuoso em torno da competência que você tem e que vai transferir para a sua marca pessoal, no caso do empreendedor, ou mesmo para seu negócio, falando especificamente da galeria de arte”, afirma.

Muitas das obras eram desconhecidas e, ao serem levadas para a galeria, aumentaram de valor e ganharam visibilidade. O criador de um tamanduá, por exemplo, costumava vender trabalhos por menos de R$ 1 mil. Hoje, uma peça custa R$ 8 mil.

Na parede da galeria, uma obra de uma artista mais conhecida, que mora na França. Materiais de cozinha (uma colher de arroz, concha, pedaços de máquina de moer carne, colher de pau batedeira de ovos), se formaram numa fileira de pássaros pendurados. A obra toda custa R$ 98 mil.

O renome da empresária traz público para a galeria. Ela mantém uma rede de relacionamento de 6 mil potenciais compradores, que são convidados para cada exposição.

“Ela acaba dando o aval para a gente acreditar que aquele artista é bacana”, diz Yara Dewachter, que freqüenta a galeria.

“Meu olho é meu capital. Sempre digo isso, portanto não posso ficar cega, senão me negócio acaba”, diz Vilma.
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