Executivo de SP troca escritório por fabricação de biscoitos holandeses.

Ricardo Alcerito teve a ideia após uma viagem à Europa e largou emprego.
Em 6 meses, produção saltou de cem para mil waffles por dia.

Após uma viagem à Europa, o empresário Ricardo Alcerito fez uma aposta certeira no mercado de trabalho: trocou o escritório pela fabricação inédita de biscoitos holandeses no Brasil.

Após experimentar o biscoito na viagem, ele pesquisou o mercado e descobriu que o produto não existia por aqui. O executivo então resolveu produzi-lo, mas o segredo da receita era muito bem guardado pelas famílias europeias, um orgulho que passa de geração a geração.

“Eu tive que ir até a Holanda conversar com um pequeno produtor do sul da cidade de Gouda para convencê-lo que o Brasil era um mercado fantástico com um potencial muito bom, para gente poder explorar juntos, né? Então ele acabou sendo um grande patrocinador nosso”, disse o empresário.

Alcerito começou o negócio sozinho, com investimento de R$ 12 milCom a receita em mãos, o executivo começou a se estruturar para a fabricação dos biscoitos. Deixou para trás o nó na gravata de toda manhã e vestiu o avental. Trocou o emprego em uma multinacional pela cozinha.

De cem para mil
Alcerito começou o negócio sozinho com um investimento de R$ 12 mil. Comprou maquinários e ingredientes para os primeiros testes dos biscoitos. Quando percebeu que a receita deu certo, foi para o mercado. Em apenas seis meses, o aumento na produção foi incrível: saltou de cem para mil waffles por dia.

Para dar conta da demanda, Alcerito contratou uma funcionária. A maneira de preparar o biscoito é quase toda artesanal.

A massa é preparada com farinha de trigo, ovos, manteiga e açúcar. Depois é assada nessa máquina importada da Holanda. “É como se fosse um desses waffles americanos, prensado, então a massa é bem fininha, ela tem um sabor bem suave, mas o que marca é a calda que vai no meio”, explica o executivo.

Calda
A calda é o principal atrativo do biscoito. Os ingredientes são caldo de cana, açúcar mascavo, canela e baunilha. Mas o modo de preparo é o grande segredo que não se revela.

“É um trabalho de pesquisa de conhecimento de uma família holandesa bem difícil, né, bem trabalhoso, porque é uma receita bem tradicional, de 1780, então a história tem duzentos anos”, diz.

O waffle recebe a calda ainda quente. Toda a sobra de massa durante a produção é separada e ensacada. O produto é doado a uma organização não governamental que fica na capital paulista. São levados para lá 18 quilos de massa por semana.

“Estas aparas são destinadas a 50 instituições carentes atendidas pela ONG. Quando o material chega na ONG, eles já receberam o treinamento prévio, então eles transformam isso em um novo produto. Biscoitos novos, preparações como tortas e bolos” explica Camila Maria Da Silva, nutricionista da ONG.

Cada embalagem plástica de waffle tem 10 unidades. O tamanho maior é o tradicional e custa R$ 14. Alcerito também oferece o produto em tamanhos menores, júnior e mini.

Mercado
O faturamento é de R$ 15 mil por mês. Os biscoitos são vendidos diretamente para o consumidor. Essa cafeteria no centro de São Paulo compra os biscoitos e serve para acompanhar o cafezinho dos clientes.

“É um produto diferenciado em todos os sentidos. Primeiro no resgate da história de uma sobremesa especial, da Holanda, depois na receita em si, com todo cuidado de produção com produtos certificados”, diz o comerciante Vitor Sapolnik.

“A questão do melado, da cana, dá um sabor bacana no café. Deixa um gostinho bacana”, afirma Leonard Aib.

Para dar um toque mais requintado, o empresário desenvolveu a embalagem em lata. Além de manter o produto fresquinho por mais tempo, o deixa mais atraente para os clientes

“A embalagem vem de uma necessidade do mercado, né? (...). De acordo com a necessidade do cliente, do evento, do perfil do estabelecimento, do perfil do público. Por ser artesanal, uma empresa onde tudo é feito manualmente, a gente tem a versatilidade de poder se adaptar a qualquer tipo de mercado”, diz Alcerito.